Família de gestante morta em Mossoró vai entrar na Justiça


NARA ANDRADE - Da Redação


A família da parturiente Jácia Famélia Luciano, de 23 anos, que morreu na última quinta-feira, 23, depois de complicações durante o parto cesariano, diz que vai entrar na justiça contra o médico Alexandre de Mendonça Arruda, obstetra que acompanhou todo o seu pré-natal. Inconformados, os familiares alegam que a parturiente não recebeu a assistência necessária, nem pelo médico, nem pelo hospital.


A mãe da parturiente, Maria de Fátima Souza Luciano, afirma que sua filha chegou à Casa de Saúde Dix-sept Rosado (CSDR) por volta das 3h30 da madrugada sentido muitas dores e só entrou para a sala de cirurgia depois das 8h da manhã, porque o obstetra que acompanhou todo o pré-natal da paciente não foi ao hospital e nem atendeu as ligações dos familiares. "Minha filha foi operada por uma médica que ela nunca tinha visto, que não conhecia o quadro dela", explica.


Segundo informações da família, a parturiente passou por uma cesariana e por uma histerectomia, e durante os procedimentos foi acometida por uma hemorragia e precisou de uma transfusão sanguínea, que demorou a ser feita porque não havia bolsas de sangue no hospital. Como a paciente estava em estado grave e os seis leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto da Casa de Saúde Dix-sept Rosado estavam desativados, há quase um mês, ela precisou ser transferida para o Hospital da Mulher de Mossoró Parteira Maria Correia. Jácia Famélia Luciano não resistiu e morreu dentro da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), em frente ao Hospital da Mulher.


"Tudo que aconteceu foi por falta de assistência necessária. O médico foi negligente e a Casa de Saúde não tem estrutura para o atendimento das pacientes em estado grave. Eu sei que não vou trazer minha filha de volta e tenho que aceitar a vontade de Deus, mas eu quero justiça. Quero que o médico e o hospital sejam punidos, para que outras gestantes não percam suas vidas", enfatiza.O pedreiro Jackson Antônio Luciano, de 49 anos, disse que seu genro já entrou em contato com um advogado para mover uma ação contra o médico e o hospital por negligência.

Casa de Saúde diz que está investigando caso

O diretor da Casa de Saúde Dix-sept Rosado (CSDR), André Neo, afirma que já pediu a diretoria clínica do hospital para investigar o que aconteceu durante todo o período que a parturiente passou no hospital. André Neo afirma conta que qualquer detalhe pode ter motivado a morte da paciente. Segundo o diretor do hospital, uma comissão vai levantar alguns questionamentos, como o horário que a equipe solicitou o sangue e que horas chegou, qual o horário que o Samu foi acionado e se a ambulância solicitada era uma UTI móvel, entre outras coisas.André Neo diz que como a investigação ainda não começou, ainda é muito precipitado falar onde teria acontecido o erro que motivou o agravamento do quadro e a morte da paciente. "Qualquer uma das coisas pode ter provocado a morte, a demora na chegada do sangue para a transfusão, a falta da UTI, e até mesmo o estado da própria paciente que estava muito inchada e com a pressão alta que é um quadro de pré-eclampsia", frisa.


O diretor do hospital, André Neo, diz que a própria prefeitura deve investigar as causas do óbito da parturiente, como sempre acontece em casos de mortalidade materna. "O que sei é que a assistência médica e hospitalar foi prestada e não faltou nada para a paciente", declara.A reportagem do JORNAL DE FATO tentou contato por telefone com obstetra Alexandre de Mendonça Arruda, mas não o encontrou na clínica onde ele atende, e o celular informado pela atendente com autorização do médico estava desligado. O delegado do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (CRM/RN), Manuel Nobre, também não foi encontrado para falar sobre o caso.

Fonte: Jornal De Fato, 28/03/2012

Comentários